18 de mai. de 2023

Após capacitação do Programa Conexão DNIT, professora inicia educação para o trânsito em suas turmas

Há dez anos, crianças do município de Alexânia, no estado de Goiás, ganhavam uma profissional determinada e engajada. Ela graduou-se em pedagogia e matemática. É professora e pedagoga nas turmas dos quintos anos do Ensino Fundamental. Seus alunos são o motivo para ela acordar todos os dias e não desistir, pois ela conhece a realidade deles e sabe que eles precisam e contam com ela para lhes ensinar e fazer a diferença em suas vidas. Na vida pessoal, ela é bastante caseira e gosta de estar rodeada de familiares e amigos. Ela é Jaqueline Silva Barcel Mendes, professora na Escola Municipal Maria das Dores Felipe.

Em março desse ano, Jaqueline participou da capacitação com os professores da Secretaria Municipal de Educação de Alexânia voltada à utilização do Conexão DNIT, uma parceria do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) com o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação para o Trânsito do Laboratório de Transportes e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina (NEPET/LabTrans/UFSC). Na ocasião, os professores presentes no evento compartilharam práticas desenvolvidas em sala de aula acerca da temática trânsito e aprenderam a perceber os riscos que as crianças estão sujeitas no trânsito e dicas para auxiliá-las a ter consciência desses riscos e a adotar atitudes e práticas seguras.

A importância de trabalhar o trânsito como tema transversal nas turmas infantis, segundo Jaqueline, se dá porque ao aprender desde cedo conceitos simples de segurança, as crianças crescem conscientes dos riscos que envolvem o trânsito e no futuro poderão ser motoristas mais responsáveis. A coordenadora substituta, servidora Thailine Barbosa, da Coordenação de Multas e Educação para o Trânsito do DNIT, que também participou da capacitação, complementa que, além de se tornarem condutores melhores, as crianças ao internalizar o conhecimento sobre segurança viária também se tornam “educadoras de trânsito” ao compartilhar o aprendizado com os pais e familiares.

Após conhecer o Programa Conexão DNIT, Jaqueline realizou pesquisas entre suas turmas sobre sinistros nas famílias e conhecidos das crianças, recolheu dados para a produção de um gráfico que continha números de sinistros e tipos de veículos envolvidos, a partir disso, introduziu conceitos básicos de segurança no trânsito ao caminhar com os alunos no entorno da escola e identificar as placas de sinalização e suas funcionalidades.

Jaqueline é uma professora integrante do Conexao DNIT e acredita que programas e projetos como o Conexão auxiliam na construção de cidadãos conscientes e responsáveis além de prudentes no trânsito e na vida.

No trânsito, escolha a vida!

3 de mai. de 2020

Perceba o risco, proteja a vida! - Maio Amarelo - 2020



Educação para o Trânsito e Transversalidade, na Prática

Irene Rios

“Em vez do professor usar a frase: Lili gosta muito do seu cachorrinho branco, pode-se dizer: Lili sempre atravessa na faixa de pedestre”. (Rozestraten, 2004)

No exemplo citado por Rozestraten, percebemos uma forma de abordar a educação para o trânsito de maneira transversal. Além do professor de alfabetização abordar a formação de palavras, poderá interpretar a frase orientando sobre o significado e a importância da faixa de pedestres.

Os temas transversais, propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, são: ética, cidadania, meio ambiente, pluralidade cultural, saúde, orientação sexual e social, trabalho, consumo e temas locais. Os critérios de escolha foram: urgência social, abrangência nacional, possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino fundamental, favorecer a compreensão da realidade e a participação social, e devem ser trabalhados nas unidades escolares, no intuito de expressar conceitos e valores, indispensáveis a uma sociedade organizada.

Por tratarem de questões sociais, os Temas Transversais têm natureza diferente das áreas convencionais. Sua complexidade faz com que nenhuma das áreas, isoladamente, seja suficiente para abordá-los. Ao contrário, a problemática dos Temas Transversais atravessa os diferentes campos do conhecimento. Por exemplo, a questão ambiental não é compreensível apenas a partir das contribuições da Geografia. Necessita de conhecimentos históricos, das Ciências Naturais, da Sociologia, da Demografia, da Economia, entre outros. (BRASIL, 1997, p.29)

O trânsito está inserido na vida das pessoas, faz parte da organização da sociedade e por isso precisa ser trabalhado nas escolas. A questão do trânsito é considerada como tema local nos documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais, ou seja, deve ser trabalhado em regiões brasileiras onde o trânsito constitui um problema social grave e urgente.

Sabe-se, no entanto que a necessidade de um trânsito seguro transcorre por todo o território brasileiro, pois mesmo aquele que só vai à cidade de vez em quando, precisa transitar com segurança.

Reafirmando o indicativo dos PCNS, em 2009, foi publicado pelo Denatran, por meio da portaria 147, as Diretrizes Nacionais da Educação para o Trânsito, cujo texto estabelece que o trânsito deve ser trabalhado de maneira transversal na pré-escola e no ensino fundamental. Este documento, apresenta, em seus anexos, sugestões de atividades envolvendo o trânsito e os conteúdos curriculares.

Além disso, o trânsito, como tema transversal na escola, está apontado também na BNCC - Base Nacional Comum Curricular, com o seguinte texto:

[...] cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar aos currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e integradora. Entre esses temas, destacam-se: direitos da criança e do adolescente (Lei nº 8.069/199016), educação para o trânsito (Lei nº 9.503/199717) [...] (BRASIL, 2017. Pag. 19)

Educar para o trânsito de forma transversal, nas escolas, implica em articular os conteúdos das disciplinas curriculares com os conteúdos que tratam da segurança nas vias, de maneira abrangente e integrada.

Neste sentido, façamos o seguinte questionamento: Como trabalhar o trânsito contextualizado com as disciplinas curriculares, na prática?

Para responder a esta pergunta, vamos ver algumas sugestões de atividades transversais articulando conteúdos de trânsito e conteúdos das disciplinas curriculares.

Inicialmente vejamos a inserção do tema trânsito na disciplina de Língua Portuguesa.

Trata-se de uma disciplina que está presente em todas as situações de ensino e aprendizagem, pois envolve comunicação e serve de instrumento de construção de conhecimentos em todas as áreas do conhecimento. Portanto proporciona inúmeras possibilidades de trabalho com os temas transversais. Por exemplo:
  • Ao selecionar textos e atividades para sua aula, o professor de Língua Portuguesa pode escolher aqueles relacionados à segurança viária e à prática de valores positivos.
  • Na produção escrita, pode incentivar o aluno a produzir textos que contenham sua percepção sobre o trânsito de sua cidade.
  • Na elaboração de exercícios sobre os conteúdos gramaticais.
Vejamos uma sugestão que envolve atitudes corretas no trânsito e a flexão de substantivos, quanto ao número.

Identifique os substantivos das frases abaixo e reescreva a frase no plural.

1) O pedestre caminha pela calçada e atravessa a rua com segurança.
Os pedestres caminham pelas calçadas e atravessam as ruas com segurança.

2) O ciclista pedala na ciclovia.
Os ciclistas pedalam nas ciclovias.

Esta atividade pode ser usada como fixação do conteúdo referente a flexão dos substantivos quanto ao número. Ao mesmo tempo, proporciona a reflexão sobre as atitudes seguras que envolvem os pedestres e os ciclistas no trânsito.

Perceberam como é tranquilo educar para o trânsito em Língua Portuguesa? Basta um pouco de criatividade.

Na sequência, veremos algumas possibilidades de trabalho com o tema trânsito na disciplina de Matemática.

Nesta disciplina o professor pode educar para o trânsito quando for trabalhar com interpretação e resolução de problemas. Pode inserir situações vivenciadas no trânsito contextualizado com outras atividades como: Levantamento, análise e julgamento de dados estatísticos, verificando a quantidade de veículos que transitam em uma rua, ou a quantidade de alunos que usam a bicicleta como meio de locomoção até a escola. Estes dados poderão ser representados por meio de tabelas e gráficos.

A seguir apresentamos alguns exemplos de conteúdos que envolvem problemas matemáticos que estão interrelacionados com algumas situações que ocorrem no trânsito.

1 - Conteúdos: Subtração com números naturais e cinto de segurança.


Este modelo de atividade pode ser realizado para fixar os conteúdos matemáticos referente às “quatro operações matemáticas”. A atividade pode ser desenvolvida aumentando ou diminuindo o grau de dificuldade, conforme o nível dos estudantes. Os números não precisam estar na sequência. É um exercício que desperta a curiosidade dos estudantes, proporcionando um maior interesse e possibilitando mais facilidade em assimilar o conteúdo, pois eles aprendem brincando.

2 - Conteúdos: Quatro operações com números naturais, congestionamento, transporte coletivo, gentileza, faixa de pedestres, passarela, uso do capacete.

Descubra a solução

1. 260 moradores do condomínio Estrela iam sozinhos de carro para o trabalho. Resolveram dar carona uns para os outros, colocando quatro pessoas em cada carro. Quantos carros deixaram de circular no trânsito?
195 carros

2. No ônibus embarcaram 70 pessoas, mas havia apenas 42 lugares. Quantas pessoas ficaram em pé no ônibus?
28 pessoas.
 
3. Na faixa de pedestres da Rua Central atravessam 76 pessoas por hora. Quantas pessoas atravessam em 12 horas?
912 pessoas.
 
4. Na passarela da Avenida passam 55 estudantes a cada 05 horas. Quantos estudantes passam a cada 15 horas?
165 estudantes.
 
5. Na loja de Seu Manuel são vendidos 21 capacetes por dia. Quantos capacetes são vendidos em 15 dias?
315 capacetes.

Nestes exemplos os professores poderão escolher as atividades adequadas aos conteúdos trabalhados na disciplina, interpretar e debater as situações dos problemas.

Como visto, a inclusão do trânsito na disciplina de Matemática é viável. No entanto, para que a educação para o trânsito aconteça, não basta efetuar cálculos e operações matemáticas e representá-las em tabelas ou gráficos, o mais importante é analisar e refletir sobre os dados coletados e as informações obtidas, oportunizando o debate e a manifestação de opiniões a respeito do assunto.

A próxima disciplina que vamos estudar é a de Ciências Naturais.
Nesta disciplina, o tema trânsito pode ser abordado em questões relacionadas ao meio ambiente, como:
  • A poluição atmosférica provocada pelos veículos automotores.
  • A poluição visual devido à imensa quantidade de anúncios, outdoors e pichações espalhadas pelas cidades.
  • A poluição sonora existente nos centros urbanos.
  • As alterações no solo, nas paisagens e no percurso dos rios, em virtude da construção de novas rodovias.
Na disciplina de Ciências Naturais, o trânsito pode ser abordado ainda nas questões relacionadas ao corpo humano, Por exemplo:
  • A fragilidade do corpo e as consequências de lesões cerebrais ocasionadas por acidentes de trânsito, destacando a importância do uso do capacete para a proteção do cérebro.
  • As consequências da lesão medular e a importância do uso dos equipamentos de segurança no interior do automóvel para a proteção da coluna cervical.
  • Os efeitos da bebida alcoólica e de outras drogas no organismo, como a diminuição da capacidade de percepção e de reação, e o que isso representa na condução de veículo automotor.
  • Os distúrbios do sono e as consequências ao dirigir com esses sintomas.
É importante, refletirmos também sobre as questões comportamentais que envolvem a disciplina de Ciências Naturais, relacionadas à ética e ao trânsito, como o “autocuidado”, o respeito à vida, à natureza e ao espaço público.

Veremos agora, sugestões de como trabalhar a educação viária na disciplina de História.

Nesta disciplina, pode-se trabalhar o trânsito fazendo relações entre o passado e o presente a fim de que os estudantes desenvolvam noções de diferença e semelhança, de continuidade e permanência, no tempo. Em História, entre as diversas possibilidades, poderemos iniciar a abordagem sobre:
  • A evolução dos meios de transporte.
  • A mudança nas paisagens, em virtude do aumento da frota e da construção de rodovias.
Nesta disciplina, é importante provocar nos estudantes reflexões sobre as consequências das mudanças no trânsito. Por exemplo, as doenças que surgiram devido ao aumento da frota e à violência viária. É necessário, porém, que essas reflexões resultem em propostas para a melhoria no trânsito e na qualidade de vida das pessoas.

Dando continuidade ao nosso estudo, vamos falar da disciplina de Geografia.
Nesta disciplina, a associação dos conteúdos curriculares com o trânsito é tranquila, pois o currículo de Geografia já prevê o trabalho com a questão do espaço físico.

Sendo assim, quando o professor for aplicar os conteúdos referentes ao espaço físico, como: paisagem, urbanização, orientação espacial, pode inserir também observações, reflexões e descrições sobre o trânsito e o comportamento das pessoas no trânsito.

É importante que as reflexões sobre o espaço físico, resulte em sugestões para a melhoria no trânsito, peça importante neste espaço.

Abordaremos agora a disciplina de Arte.

O professor de Arte tem muitas oportunidades de inserir o trânsito no contexto de sua disciplina. Por meio desta disciplina, o estudante pode demonstrar seus talentos e expressar questões humanas envolvendo problemas sociais e políticos. Sendo ainda possível documentar fatos históricos, manifestações culturais e particulares. Desta forma, o trânsito pode ser inserido neste contexto, pois representa uma questão social que precisa ser refletida e debatida.

As questões que envolvem o trânsito podem ser abordadas a partir de diversas atividades artísticas como: desenhos, pinturas, produções de peças teatrais, músicas, esculturas, entre outras.

Vejamos o exemplo de uma paródia.

ANDANDO NA RUA
(Música: Se esta rua fosse minha)

Toda rua, toda rua tem perigos,
Você deve, você deve se cuidar,
Pois sua vida, pois sua vida é importante,
Para que, para que se aventurar.

Olhe bem, olhe bem por onde anda,
Atravesse, atravesse com atenção,
Use sempre, use sempre a faixa branca,
Para sua, para sua proteção.

Se o sinal, se o sinal está vermelho,
É preciso, é preciso esperar,
Se o sinal, se o sinal estiver verde,
Você pode, você pode atravessar.

Esta letra proporciona a reflexão sobre os cuidados ao atravessar a rua e sobre o valor da vida. Pode ser aplicada também na disciplina de Língua Portuguesa.
Continuando a reflexão, vamos verificar a contextualização do tema trânsito na disciplina de Educação Física.

Nesta disciplina, é possível, adaptar vias no pátio da escola e simular com os alunos situações encontradas no dia a dia do trânsito, como: ruas sem calçadas, por exemplo. Nestas simulações, o professor pode orientar seus alunos sobre a maneira segura e correta de agir diante de tais situações. Pode também trabalhar o desenvolvimento de habilidades corporais e o desenvolvimento de noções espaciais com os estudantes, nossos futuros motoristas.

A disciplina de Educação Física possibilita um trabalho mais concreto, capaz de complementar as teorias demonstradas nas demais disciplinas curriculares.

Como vimos, é possível trabalhar o trânsito como tema transversal na escola, em várias ocasiões. Ora em Língua Portuguesa, ora em Matemática, ou em Geografia, cabe ao educador verificar o melhor momento de introduzir a educação viária no conteúdo curricular. O fundamental é que seja trabalhado com qualidade e com continuidade.

Referências:

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular – BNCC 3a versão. Brasília, DF, 2018.

______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.

RIOS, Irene. Andando na Rua. In. Coleção Transitando com Segurança. Transtec Educacional. Campo Grande. 2016. Disponível em: https://youtu.be/6MBrLKiE6VE. Acesso em 14 Nov. de 1019.

ROZESTRATEN, Renier J. A. Psicopedagogia do trânsito: princípios psicopedagógicos da educação transversal para o trânsito para professores do Ensino Fundamental. Campo Grande. UCDB, 2004.
Irene Rios
Mestra em Educação; Especialista em Meio Ambiente, Gestão e Segurança de Trânsito e em Metodologia de Ensino.

Valeu! Mãe!


1 de jun. de 2018

Audiência do Site em maio de 2018



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Palestra de Irene Rios para alunos da EJA



Registro da palestra ministrada por Irene Rios aos alunos da EJA, da Escola Básica Municipal Vereadora Albertina Krummel Maciel, sobre "Escolhas e Segurança no Trânsito", dia 23 de abril de 2018.


Como o Japão reduziu 80% das mortes no trânsito

O país asiático já teve um índice de mortes no trânsito muito parecido com o que temos hoje no Brasil. Descubra como os japoneses conseguiram virar o jogo.

Por Gustavo Henrique Ruffo

 

Trânsito no Japão: uma redução nas mortes de 80% nas últimas décadas (Divulgação/Internet)

Talvez você não saiba, mas o Japão já teve uma taxa de mortalidade no trânsito parecida com a do Brasil.

Em 1970, morreram 16.765 pessoas nas estradas japonesas.

Em relação à população, na época de 103,72 milhões, isso dava 16,2 mortos para cada 100.000 habitantes.

Em 2016, morreram no trânsito brasileiro 35.708 pessoas, segundo o Data SUS.

Como nossa população há dois anos era de pouco mais de 206 milhões, isso daria uma taxa de 17,3 mortos por 100.000 habitantes.

Hoje o Japão tem um cenário totalmente diferente: com 126 milhões de habitantes, morrem no trânsito cerca de 4.000 pessoas por ano, ou seja, 3,2 pessoas por 100.000 habitantes.

Afinal, como o país conseguiu reduzir tanto sua taxa de mortalidade no trânsito?

 

No Japão, em 1970 morreram cerca de 16.765 pessoas nas estradas. Hoje não passam de 4.000. Já no Brasil morreram 35.708 pessoas em 2016

No Japão, em 1970 morreram cerca de 16.765 pessoas nas estradas. Hoje não passam de 4.000. Já no Brasil morreram 35.708 pessoas em 2016 (Alexandre Battibugli/Quatro Rodas)

Segundo estudo da International Association of Traffic and Safety Sciences (IATSS), isso se deve ao intenso esforço do governo japonês em três frentes.

Primeiro, tiraram motoristas bêbados e mal preparados das estradas.

Segundo, reforçaram sinalizações e elementos de facilitação de tráfego, como passarelas de pedestres.

Por último, fizeram com que essas sinalizações fossem respeitadas.

Assim, o currículo das autoescolas foi padronizado e criaram um cursinho que todo motorista deveria fazer a cada três anos para renovar a habilitação – semelhante ao que previa a resolução 726/18 do Contran no Brasil, publicada em março e logo depois revogada.

Bons motoristas, que não estiveram envolvidos em acidentes nem receberam multas, ganharam um período mais longo para renovação: cinco anos.
Mais passarelas

No campo das sinalizações e elementos de aumento de segurança no trânsito, houve um salto em quantidade. As placas pularam de 15.000 em 1970 para 95.000 em 1980.

As passarelas para pedestres, de 1.000 em 1967 para 9.000 em 1980.

Nos seis primeiros meses de instalação das passarelas, a redução no número de acidentes com pedestres foi de 85%.

 

As pacas pularam de 15.000 em 1970 para 95.000 em 1980

As pacas pularam de 15.000 em 1970 para 95.000 em 1980 (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Também houve melhoria no ambiente de tráfego, com grande ampliação de vias expressas em vez de estradas de mão dupla.

Em 1983, um estudo mostrou que essas vias expressas eram 14 vezes mais seguras que as estradas comuns.

Outro grupo de medidas envolveu reforços nos parâmetros de segurança dos veículos. Desde 1973, os automóveis japoneses devem atender a critérios ativos e passivos de segurança, assim como medidas de prevenção a incêndios.

Isso para modelos novos, mas os usados também são obrigados a passar por inspeções veiculares técnicas.

 

No Japão, a primeira inspeção ocorre três anos após o primeiro emplacamento

No Japão, a primeira inspeção ocorre três anos após o primeiro emplacamento (Renato Pizzutto/Quatro Rodas)

Como aquela instituída pelo Código de Trânsito Brasileiro em 1997 e regulamentada apenas com a já suspensa resolução 716/17, editada só depois de 20 anos.

No Japão, a primeira inspeção ocorre três anos após o primeiro emplacamento e as demais são feitas a cada dois anos.

O estudo da IATSS também aponta para reforços na fiscalização e o aumento de hospitais de emergência e de campanhas educativas, mas não teve como mensurar o efeito dessas medidas na diminuição de acidentes, ainda que isso pareça evidente diante da redução de fatalidades.

As seis medidas

Outro levantamento sobre medidas de redução de acidentes foi elaborado pela PwC (PricewaterhouseCoopers).

Com o nome A Guide for Policy Makers: On Reducing Road Fatalities (Um guia para legisladores sobre redução de mortes no trânsito), o estudo relata quase os mesmos fatores que a IATSS aponta.

São, no total, seis elementos: comportamento seguro dos motoristas; programas governamentais de redução de acidentes; veículos e estradas mais seguros; proteção a pedestres e a outros usuários vulneráveis; programas de treinamento e educação; dados confiáveis.

Este último critério requer uma coleta adequada desses dados.

Se as informações forem corretas, é possível criar políticas eficientes de redução de acidentes, que atacarão questões de engenharia (tanto dos automóveis quanto das vias), de educação e treinamento e, por fim, de reforço no cumprimento das leis.

É isso, segundo a consultoria, que leva a um trânsito mais seguro, seja em que país for aplicado.

Os caminhos para o Brasil se equiparar ao Japão, pelo menos em termos de trânsito, são claros. Resta apenas serem seguidos adequadamente.

Fonte:

31 de mai. de 2018

Curso de Aperfeiçoamento para Professores Multiplicadores de Educação para o Trânsito, com Irene Rios, em Pelotas - RS


Curso de Aperfeiçoamento para Professores Multiplicadores de Educação para o Trânsito, ministrado por Irene Rios, em Pelotas - RS, dias 15 e 16 de maio de 2018.

Professores da Rede fazem curso de educação para o trânsito

Mestre pela Universidade do Vale do Itajaí, Irene Rios compartilha conhecimentos com 55 professores da Rede
Por Salvador Tadeo 
  A Prefeitura deu início, na manhã desta terça-feira (15), no auditório do Colégio João XXIII, ao Curso de Aperfeiçoamento para Professores Multiplicadores de Educação para o Trânsito. Promovida pela Secretaria de Transporte e Trânsito (STT), a capacitação é ministrada pela autora do Guia Didático de Educação para o Trânsito e mestre em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí, Irene Rios.
      Com prosseguimento na tarde desta terça-feira (15) e na quarta-feira (16), nos dois turnos, possui 55 professores da rede de ensino do Município como participantes. A programação faz parte de uma série de ações desenvolvidas pela STT para o Maio Amarelo, movimento internacional que busca conscientizar a população sobre o alto índice de mortos e feridos nas estradas.
Foto: Janine Tomberg
      Na abertura do encontro, o prefeito em exercício Idemar Barz destacou a importância do curso, em uma época em que o aumento de veículos na cidade e a intolerância das pessoas na direção contribuem para infrações, acidentes e mortes.